quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Estou a sua espera - 13/01/2010

Estou a sua espera,
E você tem chegado sempre,
Mas,
Quando isso acontece,
Sempre me alcança na periferia, no subúrbio...

Intermediários.

Espero a sua entrada para ocupar o lugar de honra,
Perpassar sobre o tapete vermelho,
Tomar do melhor champanhe,
Refrescar-se com o flabelo,
Entronar-se como rainha eleita
Não como um bobo a me fazer rir.

Estou à espera da sua mão pesando sobre a minha,
Enquanto percorro o caminho em direção ao cotidiano.
Olho, por uma vidraça intransponível, tudo com substância idêntica, mas com nome mudado.
Se me doem as paisagens,
Eu que me estremeça nessas paixões e retorne à cama vazia,
De onde você saiu
Onde, agora, dorme um abismo impossível de se sustentar.

Estou à espera de você. E é amor o que espero.

Não permitas que suas pupilas tremam diante do meu olhar
Nem que sua respiração se altere
Ou que seu suor escape por entre seus cabelos a inundar seus olhos.

Quero a tua fibra viril,
Quero a tua certeza de bandeirante desbravador
E quero, ainda, mas não por conclusão,
o teu rosto lívido e impávido, diante da meu sedutor impulso.


Estou exausto e já vaza pelos poros o resto da memória do meu último amor.

Estou faminto e já não cabe mais angústia num coração desolado.

Estou farto... mas quando declaro isso, o botão já foi apertado. Tarde!

Continua a dança, a andança, a erração.
Com muletas, arrastando-nos, rastejando-nos em comunhão com a sarjeta
Seguimos com este intermediário que nos restou.

E o grande monarca,
Aquele que nos tomou o coração e nou deu lata
Aquele que nos assaltou o bolso e o brilho dos olhos
Este que nos batizou os pés sob águas pagãs de um monte cristão
Continua a engordar suas forças com o alimento que extrai das forças do nosso trabalho
E do sangue que corre no meio da nossa saudade.

Estou a sua espera.

Adriano Gustavo di Andrade