quarta-feira, 29 de abril de 2009

Ele queria tudo - 29/04/2009

Não bastou o ruído, o soluço do meu choro
Ele queria o sal da minha lágrima.

Passou a ponta de seus dedos sobre minha face
Beijou lentamente meu olho e deu-se conta do que acontecia...

Seria necessidade de um alimento para sua incerteza?

Ele pediu que eu não chorasse mais
Que tudo estava bem
Que o pesadelo havia passado

Eu tentava macular, ao máximo, aquela dor ordinária ao apaixonados
Aquele misto de certo rancor e medo da felicidade,

Mas agora, continuo deitado sobre seu braço
E, nos abraços, me perco da realidade para descansar um pouco
Porque a jornada percorrida até este instante, tomou-me o fôlego e a ânsia,
Restando-me apenas a natureza de amar.

Ele desistiu de encontrar minha lágrima...

Buscou minha respiração, minha corrente sanguínea, meu pulso, meu pensamento.

Ele queria tudo.
E eu me abri em entrega e verdade.

Adriano Gustavo di Andrade

sábado, 25 de abril de 2009

Aconselho-te 25/04/2009

Dispenso o seu conselho gratuito.
Quando eu precisar de um, posso comprar e pagar o preço merecido.
Dessa forma, assumo todas as consequencias,
Posso reclamar à vontade, caso minha compra resulte em pura falha.

Depois de usado, lanço fora, tal qual TUDO o que se descarta de satisfação...

Adriano Gustavo di Andrade

sábado, 18 de abril de 2009

Uma ponta de entrega 19/04/2009 (Em Belo Horizonte)

Por amor, ou por crença nele, continuei na minha existência heróica do mínimo.
Sim, porque - ouvi em algum lugar - "o ato heróico mora no minúsulo", onde só se penetra se tivermos o tamanho exato. Quando se é grande demais, permanece fora. E com vontade de entrar.

Então, respirando o ar da felicidade, perdoei-me. Parei com o flagelo de um silício mudo e olhei com o melhor do meu sentido e da minha vida para este convite.

Um presente foi oferecido por gentileza de uma declaração que estava presa.
Vazados em dúvidas, os corações desaceleraram. Côncavo e convexo.

Por que não mais o encaixe absoluto de uma engrenagem. E por que não mais a continuidade de uma safra em cujos frutos se colhem os melhores, quando estão mais maduros?

Aceito e digo SIM. Até que o amor persista - entidade superior que é - e que os nossos olhos continuem relatando, sozinhos, o que acontece com nossos corações.

Ele é a personagem que teria reescrito minha vida, porém esta tinha um roteiro próprio cuja continuidade das cenas implica o momento exato de entrada e saída. Um hiato foi colocado sobre nós - bendito escritor da vida - para se metamorfosear em dígrafo obrigatório e indiscutível.

Sei que há olhares, pensamentos e dúvidas. Mas, há, também, o silêncio de quando nos vemos pela 1ª vez... dizia TUDO.

Ele é o meu amor. O que mas poderia ser?

Por nós, tenho sorrido mais leve, dormido mais claro, sonhado mais lusco e vivido mais pleno.

Isto é o amor inabalável. O conjunto de nós dois faz com que ele REVIVA.

Adriano Gustavo di Andrade
19/04/2009 (Em Belo Horizonte)

Não me importam as milhares de línguas.
A natureza humana é a mesma.

Adriano Gustavo di Andrade
Estrada - 18/04/2009

Madrugada na rodovia Fernão Dias. Breu só! O que consegui ver, FELIZMENTE, foram estrelas - MUITAS estrelas. E mato.
Sou morador da cidade de São Paulo, desde que me recorde disso. Vejo prédios e uma cor local cinza.
Embora ame, doentemente, esta máquina mortífera, tento mais do que nas selvas sobriver aos ventos frios e quentes, às 4 estações que acontecem durante as velozes 24 horas de um único dia nesta megalópole.
O progresso. A ordem... em nossa bandeira patrial, estes substantivos singulares, um masculino e um feminino nao condizem, há muito, com a realidade do que vivemos. Mas não é de política nem de socialismo o que intendo em dizer - estes temas estão postos em urnas funerárias por mim - quero dizer de estrelas, afinal, segundo certo poeta, ainda continuamos olhando pra elas e, comigo, não foi diferente.
As luzes da minha cidade grande me roubam tanta coisa, com a desculpa de não me deixarem roubar nada. No entanto, me tiram o fundamental: o brilho e a existência das estrelas. Que triste, não acham?
Pois é, na Fernão Dias. Breu, silêncio, matagal e Estrelas, muitas estrelas.
Fiquei feliz por não estar sózinho e porque ainda há lugares sem artificialidade de luzes que me cegam a ponto de me tirarem a consciência de que há Estrelas, ainda que não queiram.
Adriano Gustavo di Andrade

sábado, 4 de abril de 2009

Um jantar a dois - 04/04/2009

Sentados à mesa. Filho e mãe. Refeição servida.
Mamãe tinha preparado, com o melhor de seu repertório culinário e materno, aquele jantar.
O filho tinha sentido já inicialmente os diversos sabores daquele tempero ímpar.
Sua mãe adorava receber elogios por suas criações. Era só o que ela podia oferecer...
O filho, em seu ostracismo de palavras e emoções, seuqer teve coragem de estender os cumprimentos merecidos à sua mãe.

Diante desse cenário, entristeci-me.
As relações, enfraquecidas ao limite, não passam de uma continuação do que se vive num trocar de olhos nos corredores de um shopping center.
A extensão dos diálogos frígidos e das relações de casa noturna, de sexo, de risos etc. não passam de uma subcriação do inexistente para cobrir uma grande falta.

O filho tentou, ensaiou com dificuldade uma frase careca, para dizer à sua mãe.
Finalmente, vazou de sua boca vacilante: "que gostoso"!

Aquela noite foi diferente para Dna Amara.