sábado, 25 de setembro de 2010

Corpo Vivo - 17/09/2010

Sexta-feira,
Meu corpo ainda sentia os efeitos das descargas de estress recebidos, durante o horário comercial.
Sozinho, entrei pela porta do SESC Pinheiros. Suas instalações impecáveis sempre me deixam satisfeitíssimo.
Fui à bilheteria, comprei meu ticket para assistir ao espetáculo "Corpo vivo" de Ivaldo Bertazzo - uma criação repleta de técnica, motivação e elegância.
Ingresso garantido - bem à frente - subi para o piso superior, onde está locada a comedoria. Servi-me de uma salada deliciosa - alface crespa, presunto, berinjela, milho e mostarda com mel. Ainda não totalmente satisfeito, saboreei-me com um creme de cupuaçu e coco queimado. Finalizei com um café. Tudo servido com louças, talheres e detalhes respeitosos.
Por um momento, percebi que algumas pessoas me lançavam olhares de estranheza - não me interessou muito o por que, com exceção de uns dinamarqueses que estavam, às dezenas, visitando uma instalação no hall principal. Lindos aliás.
Na mesma oportunidade, recebi, cordialmente servido por um rapaz "in black" uma taça de espumante. Um burburinho estelar, por causa de uma leitura que Chico Buarque faria, em instantes, de textos de Saramago.
Recebo um sms: " voce está onde não lhe poderia ser melhor. Em meio à arte e a cultura". Um amigo feliz por mim.
Na entrada da sala de espetáculo, um aroma especial, liberado por uma máquina vaporizadora no palco, compunha a recepção.
Em resumo: figurinos, movimentos, textos, músicas, conjunto. O presente estava dado.
Revelei a um amigo o resultado do meu sentir, após o epetáculo: ÊXTASE...
Fui embora, muito rapidamente, pois já passava das 23:00. Mas, não antes de capturar uma foto de uma pedra oval iluminada. Lembrou-me "O ovo e a galinha".
A noite estava completa e eu senti meu corpo ainda mais vivo.

Adriano Gustavo di Andrade

sábado, 18 de setembro de 2010

Oscilação! 14/09/2010

Essa alegria me dando tristeza
Esse prenúncio de amor
Esse descaso da solidão
Essa luz oscilante que não se apaga.

O amor é assim:
Sem semente
Sem flor
Sem fruto
Sem você.
Sertão!

Alarme de efeito moral, mantendo-me cônscio - desperto.

O amor chegando.
Encontrei um ponto seco em minha garganta
O rei ordenou a abertura das comportas
O silêncio foi ouvido no motim.

Que foi isso Arísia?
Não sei.
Susto!

Que veneração é esta?
Esqueci de acender uma vela...

Por que tentará de novo?
Para testar se ainda há sangue em minhas veias.

Que terá extinguido sem maior aviso?

Não preciso de tua ajuda
Plantarei tudo sozinho. E colherei.

O amor é um rosto confuso escondido atrás de um lenço coloridono inverno de Londres.
Você sabe que ele está lá,
Mas não o desvela por pena - o frio pode fazê-lo adoecer.

Não.

O amor é um igarapé de cuja matriz ressurge a tua vida.

Adriano Gustavo di Andrade

sábado, 11 de setembro de 2010

Tolice - 11/09/2010

Tolice no meio do que me é brilhante. Achei que pudesse atravessar o seu aniversário e que poderia ver seu sorriso, enquanto as palmas fossem ouvidas. Esse adeus dado não passa do desprezo que estamos inflingindo uma ao outro. Tu és infame ainda. Queria comer desse prato e tentar inalar o cheiro que te era estranho, mas não teve substância suficiente para sustentar a porta que te abria diante do seu minúsculo conhecimento. Malas feitas, ticket comprado, parcela somada na gaveta das desilusões, saia, empurre a minha presença de seu lado, mas não misture o que não és ao que já conquistei. Tivesse uma palavra de verdade e eu seguiria pela estrada de areia seca sobre a qual construí o meu repertório. Quando voltares, tenha um olhar mais claro, limpe a ponta dos seus dedos e o vocabulário usado no seu cotidiano insípido. Dirija-se a mim com a força dos passos de um titã. Desse seu feudo, não quero parte nenhuma. Isso é miséria demais pra mim. Quando as torres gêmeas de sua estrutura crítica ruírem, não me chame para estar nesse aniversário. Eu não estarei lá. Tampouco farei parte da composição desse retrato em branco e preto. E da montagem do seu ibá sem fundamentos. No meio de tanta guerra, basta pra mim, olhar o meu umbigo e não ir tão longe senão você NUNCA me alcança. Não olharei pra trás. Tente manter uma distância segura de não cair no meu colo e abandonar a pouca crença que te resta em si mesmo. Essa tolice tranformou-me em hébrio. Dopado e com riso de fato, perdi o passo daquela última dança - a melhor - aquela que se dança sozinho - e agora fico à espera dos seus braços para conseguir um único mover.

Adriano Gustavo di Andrade