Texto a 4 mãos II
Meu coração de tão crente, tornou-se ateu.
Muitas crenças e profecias foram sendo depostas em meu caminho,
Pastores, monges, clérigos, videntes...
Uma urbe se levantando e caindo – caos.
Uma sede incessante,
Uma fome voraz,
Um frio impugnável,
Um calor sem fonte,
Um ...
As palavras retiraram-se, elegantemente, como sempre, deixando-me nu para lutar com nada além do meu corpo. Consoante a esse abandono, apresentaram-se contratos vários para que eu me coligasse a algo – corrupto ou leal.
E, diante de tantas cores, fui me perdendo nos sons que abrigavam nada além de um ruído profundo e vago. E fui enlouquecendo, apesar do aspecto lúcido do andar altivo no meio da multidão.
Já exausto, encontro você!
Mas isso já era conhecido. O segredo vazou, apesar de nossos esforços de intimidade selada.
Com sua chegada, o que de fusco sombreou minha vida sentimental, foi banido por um brilho evidente em nosso abraço. A partir desse evento, surgiram pretéritos sobrepostos, tamanha a distância da angústia causada por sua ausência.
Meu amor, vês o quanto exulta o meu coração e as palavras voltam a visitar esse meu intento de amar?
Vês que canto, apesar de qualquer mudez. Que me ouves, apesar dos estímulos todos?
120 dias + 2 pessoas que se amam = sorte e felicidade. É com fórmula que se tenta explicar o sentir do amor? Não. É com o dia-a-dia.
E isso que cresce, tremendamente, sem fenômeno que possa barrar a seta ascendente, é a amálgama de nosso querer estar juntos e certos.
Estamos salvos, olhamos para o mesmo horizonte e, quando necessário, fazemos o papel de Juno: tu olhas pra frente e eu para trás. Destarte, garantimos que não sobre nada para trás e que, com tal repertório, sigamos construindo o nosso futuro.
Meu coração de tão ateu, tornou-se crente!