domingo, 10 de outubro de 2010

Escrevo porque minhas palavras assexuadas te excitam mais do que minha voz, meu afago, meu beijo, meu falo...
Escrevo, ainda, por vaidade pura.
E porque sei que, estando preso por esses verbos, será fácil possuir-te, quando sentir o vapor quente do meu hálito.
Escrevo, porque já não resta muita defesa nesse mundo
E pra não me tornar ainda mais cego, escravizo as palavras para me servirem de bússola nessa estrada indivisível sem direção.
Escrevo para que não haja ponto final. Que a vírgula seja o indicativo dessa insígnia que vou te deixar.
Está infeccionado.
A febre não cessa e, envolto em delírios, confundimos a medida de amar com a de não estarmos sós.
No meio dessa lacuna - lack - incluímos qualquer adereço.
Escrevo porque tu me fizeste calar e só essas palavras são capazes de me encher de glória e triunfar sobre a sua nescilidade.
Estou vivo. Sinto. Amanheço e desfarço!
Não admito que tu te envolvas nos resultados que a quiromante viu na ponta dos meus dedos. Antes, os tivesse visto nas marcas da minha língua já tão visitada.
Receio, agora, que me perdi.
A escrita, entre todos os seus perigos, tem o poder infinito do entorpecimento e da lucidez.
Escrevo, portanto, para praticar essas duas armas e abater-te como ave de rapina, mas te ofereço a fuga. Com isso tu te tornas ainda menor diante da minha audácia de prender-lhe quando bem entendo e de soltar-lhe por pura pena.
Lê, entra por esse labirinto de mil minotauros.
Orientados por Dionísio, farão com que você desfaleça de prazer.
Mas não se esqueça:
Escrevo, porque sei o modo com o qual se executa a sua leitura.

Um comentário:

Marlon de Albuquerque disse...

Cara suas palavras servem de abrigo para minha DOR. Eu te desejo um maravilhoso ano novo,desejo que de você possa continuar brotando mais palavras e mais ternura.
Um grande abraço!