quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Texto a quatro mãos I


Texto a quatro mãos I

Apesar de tão pouca evidência tátil
Meu corpo e o teu uniram-se: dois seres levados pelo instinto e pela necessidade de andarem juntos.

Eu tinha uma imagem vaga da sua existência e, talvez, andava pelos lugares a te procurar
Nos mangues, nas rochas, nos Alpes, nas profundezas habitadas por milhares tentei encontrar o que você é. Mas, no fim de tudo e apesar de alguns bálsamos e varandas de descanso, sempre o fogo voltava a queimar sem unguento suficiente para conter tal dor.

A gentileza e o receio conduziram-nos ao futuro.

Junto contigo, numa travessia determinada pelo cotidiano, seguimos confiantes: nossos olhos,  indicando o caminho a seguir. Nossos peitos, quando se inclinam ao encontro mútuo se dão conta de que protegem e são protegidos.

E quando todas as seivas, perfumes, sabores vêm à tona são nossas mãos que se seguram num frêmito de novidade não experimentada e infinita.

A quatro mãos se processa a escrita desse texto:
Duas que exercem o trabalho produtor da linguagem
outras duas que servem de substância animadora de tal produto.

Ele quer morar dentro de mim
Eu quero ser sua morada e, quando farto de mim mesmo, quero migrar-me para o seu porto, de onde partem as declarações de amor e as cláusulas de um contrato perpétuo, porque humano.

Nem em sonho se imaginam tão doces beijos a despertar o sono.

Tampouco se esperam as doces palavras, os suspiros, o corpo ardente e um SEGREDO.

Não saberão dos detalhes de uma história íntima contada por um dueto.
Não saberão, se quer, das reações sentidas por esses corpos que reaprendem a amar.

Talvez saberão dos detalhes ordinários comuns a qualquer rotina.

Em nosso ninho,

Seremos um pássaro forte e altaneiro, cujas asas se unem em força e vigor para produzir o mais belo voo.

Um comentário:

Sadman disse...

Emocionante. Poucas palavras para uma verdadeira emoção. Parte II