quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Pequena história inacabada de Caê 10 - 2008

Caê, assim Caetano gostava de ser chamado, já conseguia considerar, conscientemente, que a tristeza sentida por ele derivava da ausência de uma sensação.
Ele passava horas, às vezes dias, praticando diálogos fecundos com seu amigo Norberto, a respeito do que poderiam significar certas coisas.
No entatno, embora já estivesse cônscio, não tinha coragem. Faltava-lhe a atitude decisória que, poderia trazer-lhe certa dor, mas que seria a terapia necessária, para a cura de que precisava.
Havia alguns meses, Caê conhecera uma garota. O instinto foi tão devastador que ambos viviam a declarar com facilidade: " é o amor da minha vida". Besteira! Como é que se decide isto, em tempos de total corrupção moral como esta em que vivemos?
Esta garota embriagou Caê como o mais refinado dos efeitos entorpecentes. Ele, no seu íntimo, sabia que aquela sensação não passava de algumas descargas de dopamina em seu sangue. Uma substância atroz que, embora se saiba que o objeto ativador não é benéfico, toma-se em doses cada vez maiores - droga que é.
O erro de todo aquele envolvimento passou a ser apresentado, sem censura, a Caê que cego desorientava-se tal como uma nave fora de órbita.
Não foram suficientes as palavras de Norberto, os avisos de Selena, as denúnicas podres de Valkíria (ainda que do lado negro, ela também tentou...), ninguém foi capaz de libertá-lo. Claro, a libertação teria de vir de onde sairia a chave que abriria a porta de saída. O zelador desta era ninguém menos do que ele próprio.
Daí a grande dificuldade e o risco. Porque, finalmente, no meio de uma dependência enorme, Caê resolveu libertar-se. Abria a porta, mas a deixou aberta. Em poucos minutos estava de volta, fazendo largo uso da mesma droga.
Havia um "q" de receio. Uma contaminação ainda maior poderia ocorrer, já que entrega daqueles corpos era feito sem reservas de nada...
Caê, hoje, anda sozinho, mas não se sabe até quando.
A porta, mais uma vez, foi deixada aberta e não se sabe onde foi deixada a chave.
Será que mudou o zelador?

Um comentário:

merry disse...

A minha porta tb tá aberta...rs