quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A águia velha - 02/09/09

A Águia velha está cansada.

Ela caçou demais, sem nunca ter sorrido
Fez isso, porque seu instinto ordenou,
Não porque tivesse a verdadeira fome.

Sob suas unhas, tenta esconder os restos de sangue de suas vítimas,
Mas seu bico é incapaz de prover-lhe a limpeza que suprime a culpa,
Embora seja próprio para a rapina que rouba a vida.

A Águia velha está se rendendo.
Seu espírito, cheio de mágoa, já não prossegue mais:
Não voa, não vislumbra, sequer caminha.

Em serenata, fingindo o tom mais dissonante,
A Mentira sorri para a Águia que tenta notar o que sucede,
Mas já são cegos os seus olhos,
São surdos os seus ouvidos,
São débeis suas asas,
É finda a sua voz.

Presa em sua própria dúvida,
morre nos braços da Esfinge de seu ser.


Adriano Gustavo di Andrade

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