Essa rapsódia cantada no final de agosto lançou-me ao chão.
Cobri-me de um manto pesado e pensei em você para não tornar minhas palavras ordinárias,
Mas busquei a finitude expressa no que posso alcançar agora.
Tornamo-nos tão parecidos uns aos outros (buscamos isso), para amenizar o ódio que sentimos entre nós.
Não havia lágrima, mas dor - espasmo sem cura.
Uma voz sentida sem a visão de palmos a frente.
A geradora de tudo presa em seu ofício mínimo. Ele que nunca chega. Eu inútil, ingrávido, insoluto.
Ego - ísmos!!!
Apelei para as palavras, em cujo caminho me perco, trazendo aos que as leem conforto e açoite.
O trabalho de um poeta é domar esse bicho selvagem: por mais que se tente, que se levante, que se desprenda, está de volta ao mesmo circo. Torna-se resultado de um aplauso do desprezo.
A vida se nos apresenta com a cor que ela bem entende. Por mais hábil que sejas, seus pincéis não a alcançarão.
Com a miséria em um dos bolsos e a permissão no outro, andamos o dia-a-dia, procurando o próximo a quem bofetearemos por um menear dos lábios a sorrir em troca.
Condenamo-nos a uma vida intermediária:
Amargura, livra-me disso.
Que tempo é esse, deuses mortos, em que tentamos nos agarrar à salvação orada, entretanto nossas unhas são demais frágeis e nos deixam seguir caindo?
Que relação é essa que te faz gozar tanto sobre o meu sangue?
Doce palavra,
Vem à luz
Estou pronto para pari-la,
Ainda que, para isso, deixas a minha existência com sequelas pela falta da substância voraz que nos torna torpes e iguais.
Amarga é a vida.
Adriano Gustavo di Andrade
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