Sempre pairava uma alegria, quando junto com o aroma daquele delicioso café, podíamos ver o sorriso de Dona Onesta.
O ritual era sempre o mesmo. Dna Onesta acordava, passava alguns minutos no banheiro, sentada, pensando em sua vida de quatro paredes. Depois, colocava água pra ferver e preparava o tal café.
- Agora sim, vamos começar o dia! Exclamava consigo e com as plantas de sua cozinha.
Ao longo do dia, debruçada em sua janela - sempre aberta e dirigida pra rua - Dona Onesta cumprimentava a todos. Conhecia todos.
Um ou outro entrava, matava alguns minutos do dia e paria outros de prosa e, suspirando, tomava do café social. Assim seguia o resto do dia... políticos, vizinhos, peões, fofoqueiras e madames. Unanememente, o café era apreciado e compunha o ir e vir dos passantes.
Certo dia, porém, Dona Onesta resmungava incorfomada, chorava, sofria como se alguem tivesse partido.
Indaguei. - O que houve Dona Onesta? E não obtive resposta.
Dia depois e outro e mais outro... durante meses, trancou-se em casa. A janela do mundo de seu quarto cerrada. O bairro atônito. Os corpos passavam, mas os pescoços e olhares eram todos voltados para a casa de Dona Onesta.
Não havia mais odor. Não havia mais música nem seu sorriso.
Mais tarde, contaram-me:
- Dona Onesta não suportou acordar num dia e ver que restava café do dia anterior em seu bule. Pesava-lhe o fato de ter perdido uma chance de convicência proporcionada por sua bebida mística e coletiva.
Vai-se entender!!!
Adriano Gustavo di Andrade
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
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