quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Você é intermediário 05/11/09

Encontrei suas palavras esquecidas no
fundo de um armário de um frio escritório.

Tentei resgatá-las, mas não valeria o esforço.
Abandonei-as mortas, já que poderiam ressucitar algo o que não desejo.

Eram sua tentativa de redenção?
Eram a busca atormentada da manutenção de seu desvio?

Você sempre me foi intermediário.

Sempre esteve entre o sim e o não
o antes e o depois
o já e o nunca
a decisão e a desistência
o imaginado e o efetivo.

Esta sua prática deriva do pensamento de que,
assim,
Não encanta nem desencanta demais,
Embora queira estar entre os caminhos de todos.

Contaminou-me com isso. Sofro!

E, enquanto intermedeio o que já é fragmentado,
Imaculo-me na defesa de um escaravelho urbano e de luz intensa...

Tão intermediário foi que me matou e não teve a coragem de permanecer sozinho.
Matou-se em seguida, deixando apenas como satisfação aos que nos amavam
O marcador de páginas onde sua vida fora escrita.


Adriano Gustavo di Andrade

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