quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Superação - 07/2008

"Superação"

Ao ouvir falar sobre o tema deste artigo, é comum que, no nosso imaginário, ressoe a idéia de uma situação épica - não é nossa culpa. Fomos acostumados desta forma - então situações impossíveis, guerras estelares, super - heróis, etc passam a povoar nosso pensamento.

No entanto, a superação deve ser vivida no cotidiano. No plano das ações, não apenas das idéias.

Grandes clássicos da Literatura mundial trazem exemplos do que é superar situações. Considere aqui, que, para uma pessoa tímida, falar em público é uma superação; para uma pessoa covarde, a coragem; para o distraído, a atenção; para o atrasado, a pontualidade; para o reativo, a flexibilidade. Segue uma lista interminável de limitações, visto que o Ser Humano não é máquina e, por isso, sujeito a oportunidades de melhoria ( alguns prefeririam dizer: DEFEITOS).

Um desses clássicos é Jane Eyre (Literatura Inglesa - o título do livro traz o mesmo nome da personagem principal) em cuja narrativa a autora, Charlotte Brontë, se transporta, pois conta a história de uma menina que viveu desde criança em um orfanato, onde sofreu severos maus tratos da "bondosas" freiras, vivendo em condições de subjulgo e humilhações de toda ordem. Depois teve de viver sob a tutela de uma parte de sua família (tios), onde viveu horrores que não só a afetou física, mas emocionalmente. O limite criado em sua vida por ter tido tal infância foi de não acreditar mais na possibilidade de ser feliz. Até que, SUPERANDO-os, "entrega" seu coração a um grande amor e volta a acreditar na felicidade.

Outra figura literária é Macabéa, do romance A Hora da Estrela , de Clarice Lispector. Nesta obra, a SUPERAÇÂO para Macabéa é poder viver cada dia, pois, como a própria narradora diz: "tudo, naquela cidade, era contra Macabéa". Pobre, burra, feia e sozinha, esta personagem tinha todos os motivos para desistir, no entanto, ela tenta, corajosamente, continuar seu caminho, acreditando no que pode conquistar. No final, ela alcança a "Estrela". Como? Vocês precisarão ler a obra.

Na vida real, conheço diversos exemplos. Um deles me emociona muito. É a história de um rapaz que conheci a pouco tempo. Ele nasceu num lixão de Duque de Caxias-RJ. Viveu nesta condição até seus 12 anos de idade, quando sofreu um acidente (teve o pé perfurado por um vidro e quase teve de amputá-lo). A partir desse momento resolveu sair do lixão e passou a viver na rua, embaixo das marquises no centro velho do Rio de Janeiro, até que um senhor depositou confiança nele e o ofereceu um emprego numa escola particular de pequeno porte. O menino aproveitou a oportunidade e estudou nesta escola até o final do ensino médio. Nesta altura, ela já tinha passado de ajudante geral (faxineiro, copeiro) para secretário-geral da escola. Já tinha saído da rua para um apartamento que o seu patrão e esposa cederam, para ele morar. No entanto, aquilo não bastava. Havia muito mais a ser superado. Prestou vestibular e foi aprovado numa universidade pública. Cursou Letras. Terminado o curso, não se acomodou. Cursou Pedagogia. Ainda não parou, afinal ele queria superar os próprios limites de sua realidade. Entrou para o mestrado em educação e, hoje, aos 43 anos, é DOUTOR em educação. Leciona em universidades do Rio de Janeiro. É professor de metodologia científica, línguas portuguesa e inglesa, linguística, semiótica, educação coorporativa e outras disciplinas das quais não me recordo. Por fim, e o mais importante de tudo, ele tem projetos sociais em favelas, educando crianças carentes.

Será que teríamos a mesma disposição e coragem.

E no trabalho, como fica esta questão? Para mim, entendo que não há separação Trabalho X Vida, porque um está inserido no outro. É claro que, no mundo coorporativo, um novo organismo comportamental é criado. Contudo, a postura (comprometimento, missão, metas, resultados, qualidade etc) vivida no trabalho é reflexo do que se aprende nos valores de toda a vida.

Consideremos que ética e moral nascem em casa, passam pela escola (em todos os níveis), refletem na sociedade e no relacionamento humano. É impossível deixar isto tudo para fora, porém a realidade do mercado é uma só: competitividade. Portanto, acredito que a superação está relacionada à percepção dos limites de cada um e, nisto, o líder tem papel fundamental, pois em cada feedback (que muitas vezes achamos um tédio) ele está apenas sinalizando uma OPORTUNIDADE DE MELHORIA. O profissional maduro e preparado usa isto como ingrediente essencial para dar a volta por cima e superar cada limite.

Afinal, o que é a vida senão um campo perfeito para a SUPERAÇÃO? Qual o seu limite? Supere-o.

Adriano Gustavo di Andrade

2 comentários:

Ilze Braga disse...

Oi Gú, passei pra deixar um mega beijo, tudo de bom e saudades viu!!! beijos

merry disse...

Nossa que texto bacana! Eu adoro quando meu líder me dá um feedback, o que ocorre raramente e muitas vezes eu imploro, uma pena! mas feedback acho que é bom em todas as relações, não é mesmo?
Superação é minha meta, eu procuro não desistir dos meus sonhos mesmos os que parecem impossíveis, alguns acabamos abandonando por não terem mais a utilidade que julgavamos ter.
O céu é o limite Gus! beijocas