quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Troféus 30/10/08

Para que reconhecimentos de ordem intelectual e humana, se temos, finalmente, prêmios muito mais fáceis de se conquistar?

Para que aplausos ao concertista, ao bailarino, ao pintor, ao escultor, ao artista do belo, se o que se tem em abundância são requebros convulsivos e agressões ao bom gosto?

Para que o trabalho – qualquer que seja ele – se temos a chance de explorar alguém para nosso próprio benefício?

Para que a educação, se o que vale, em tempos como o nosso, é a porrada na cara e o grito de xingamento?

Para que a família, se temos bandos formados, com quem fazemos pacto de sangue, compartilhamos drogas, sexo servil, conversas fáticas e gratuitas?

Para que uma casa, se as “baladas” estão repletas de pessoas temperadas com maquiagem, perfume, roupa “bonita” e sorrisos de Êxtase?

Para que a religião, se as igrejas estão repletas de desespero e cofres? Se o lado de fora, é onde as pessoas querem estar, já que o encontro com o Universo causa dor?

Para que o carinho, o humanismo, a Paz, quando um tapinha na bunda traz mais resultados e o desprezo se vê nas ruas, metrôs etc.

Para que tudo o que a nossa antigüidade, os nossos mestres, os nossos heróis, os nossos amigos, os nossos pais construiram de melhor, se a outra exibe o maior seio do mundo, o outro o maior pênis, aquela a genitália mais “gostosa”, aquele o corpo mais malhado etc.?

Para que o melhor, se existe o lixo PIOR?


Isto não me assusta. O que me entorpece é a platéia que assiste a tudo isto e glorifica.

Pobres de nós, que ao crermos no descartável como medida de poder, transformamo-nos em ruínas de um subproduto do que restou da subumanidade.
Adriano Gustavo di Andrade

Um comentário:

Anônimo disse...

Il est des victoires qui exaltent, d´autres qui abâtardissent. Des défaites qui assassinent, d´autres qui réveillent.
Antoine de Saint-Exupery.

Há vitórias que exaltam, outras que corrompem; derrotas que matam, outras que despertam.
Antoine de Saint-Exupery.

Você despertou meu amigo. Como alguém que desperta de um sonho ruim no meio da noite. Suado, com os cabelos eriçados do estupor. Ou dum estupro emocional. Situe se a si próprio, você sabe. Eu, o ajudo a situar-se. Também...